:05:00
Mas mesmo no inferno,
às vezes um anjo aparece.
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Eu venerava Ava Fontaine
desde os dez anos de idade.
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Claro que ela não
sabia que eu existia.
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Eu começava a achar
que ela tinha razão.
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Nos primeiros 29 anos da minha vida,
Little Odessa era para mim
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a mesma coisa que
é para o comboio.
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O fim da linha.
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"Little Odessa", New York - 1982
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Menti sobre o meu nome.
Não me chamo Yuri Orlov.
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Houve algumas ocasiões
durante o século XX
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em que não era vantajoso ser Judeu.
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Porém, nos anos 70,
para escapar da União Soviética,
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A minha família fingiu ser Judaica.
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A minha vida tem sido
Judaica desde então.
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Como vais, irmão?
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Este é o Vitaly,
o meu irmão mais novo.
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Estava tão perdido quanto eu.
Apenas não o sabia.
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O meu pai assumia a sua
identidade Judaicamuito a sério.
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Ele era mais Judeu do que
a maioria dos Judeus de verdade.
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E aborrecia muito a
minha mãe com isso.
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Quantas vezes tenho que dizer?
Não posso comer frutos do mar.
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- É proibido.
- Tu não és Judeu.
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Eu gosto de ser.
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Eu gosto do chapéu.
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Faz-nos lembrar que
há algo acima de nós.
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Eu gosto disso.
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- Vou até ao templo.
- Não vais até ao templo.
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Estás a ir ao templo
mais vezes que o rabino.
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Deixa-me em paz, mulher.
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Meu Deus! Tu não aprendes?
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Yuri, verifica os pratos
especiais de hoje no "Palace".
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Assassinatos em Little Odessa
fazem parte da rotina diária.
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Os mafiosos russos também
tinham imigrado da União Soviética.
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E quando vieram para a América,
a sua bagagem veio com eles.
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Sempre houve gangsters a serem
executados na vizinhança.
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Todavia nunca os tinha visto
com os meus próprios olhos.
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Por sorte eu estava sempre no local
cinco minutos antes de acontecer,