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As aspirações dos humanos são tão
ridículas e irracionais.
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Se a realidade subjacente à nossa
existência fosse trágica,
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as minhas peças fariam mais
dinheiro que as tuas,
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porque as minhas histórias ecoariam
mais profundamente na alma humana.
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É exactamente pelo facto da tragédia tocar
a verdadeira e dolorosa essência da vida
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que as pessoas procuram um escape
nas minhas comédias.
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A tragédia confronta.
A comédia escapa.
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Onde queremos chegar com isto?
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Haverá uma realidade mais profunda na
tragédia? Quem pode fazer tal julgamento?
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Vou contar-vos uma história, digam-me
se isto é material de comédia ou tragédia?
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Isto aconteceu a uns amigos meus.
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Num jantar, os anfitriões
querem impressionar um dos convidados.
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A campainha toca e aparece no jantar
uma visita inesperada.
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- Homem ou mulher?
- Mulher. Vou dar os pormenores
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e vocês digam-me
se é comédia ou tragédia.
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A rapariga entra e ficam todos
surpreendidos, especialmente o anfitrião.
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Acaba por se saber
que ela tem um problema...
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Mas isso é muito divertido.
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Ela intromete-se no jantar
enquanto eles estão a comer.
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O que acabaste de dizer
daria uma boa comédia romântica.
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- Tu vês o mundo com um olho cómico.
- Está a perder as implicações trágicas.
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A complexidade que a história sugere.
Eu vejo o mundo de uma forma diferente.
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Eu vejo esta figura solitária -
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uma mulher que talvez tenha acabado
de descer do autocarro.
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Ela carrega uma mala de viagem. Procura,
com algum nervosismo, uma morada.