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Dos pés dos pisadores que misturam
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às mãos dos moldadores que vertem,
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se move o permanente rio de lama,
semente humilde das grandes cidades,
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dia após dia,
ano após ano, século após século.
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Escravatura sem descanso,
labuta sem recompensa.
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Estes são os filhos da miséria,
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os enfermos,
os desesperados, os oprimidos.
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E ele juntou-se a seus irmãos
e viu as cargas que transportavam.
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Aguadeira!
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Amigo, eis água.
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Que dança tão dura, velho.
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Há 400 anos que a dançamos.
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A música é triste.
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A nossa única salvação é a morte.
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Voltem ao trabalho,
suas mulas zurradoras.
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És novo aqui.
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As tuas costas não têm cicatrizes.
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Trazes um sorriso caloroso
com a tua água fresca.
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O meu sorriso é para um cantoneiro.
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- A água é para ti.
- Agradeço-te.
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A tua voz não me é estranha.
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- Tu és...?
- Um entre muitos que têm sede.
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Tu!
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Vem cá.
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É Baca, o Mestre-Construtor.
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- Chama-te a ti ou a mim?
- Tu! Aguadeira! Tenho sede.
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A sede dele não é de água.
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A beleza não é mais que uma
maldição para as nossas mulheres.