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Olhem para o ângulo.
De cima para baixo.
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E foi assim que se passou.
Agora digam-me que estou errado.
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- De cima para baixo. Sem dúvida.
- Espere um momento.
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Pode dar-me isso?
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Caramba, detesto estas coisas.
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- Alguma vez viu uma luta de navalhas?
- Não.
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Alguém já viu uma luta de navalhas?
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Bem, eu já. Da minha varanda de trás,
no terreno do outro lado da rua.
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As ponta-e-mola fazem
parte do bairro.
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Engraçado como não me lembrei antes.
Acho que tentamos esquecer.
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- Como é que se usa uma ponta-e-mola?
- Bem, nunca se utiliza assim.
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Estão a ver? Perdia-se muito
tempo a trocar de mão.
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É assim que se faz.
De baixo para cima.
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Qualquer pessoa que já tenha usado uma,
nunca o faria de outro modo.
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- Tem a certeza?
- Absoluta.
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- É por isso que são feitas para se abrirem assim.
- Disse que o rapaz era muito hábil com navalhas?
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Acha que ele poderia ter feito
a ferida que matou o pai?
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Não. Nunca com a experiência que ele
tinha de uma vida a manejar estas coisas.
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- Eu acho que faria de baixo para cima.
- Como sabe?
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- Estava lá quando ele foi morto?
- Não. Nem eu nem mais ninguém.
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E porque nos vem com essas
patranhas? Eu não acredito nisso.
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Não acho que possa afirmar
que tipo de golpe ele teria dado
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apenas porque ele
sabia manejar uma navalha.
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- O que é que acha?
- Não sei.
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- O que quer dizer com "não sabe"?
- Não sei.
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- Então e você?
- Eu não sei como é com os outros,
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mas eu estou a ficar cansado desta
conversa de treta. Não nos leva a lado nenhum.
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Então é melhor eu parar com isto.
Eu mudo de voto para inocente.
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- Você o quê?!
- Ouviu-me. Já estou farto.
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- Já está farto? Isso é resposta?
- Ouça, limite-se a cuidar de si.
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- Percebe?
- Ele tem razão.
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Isso não é resposta.
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Que raça de homem é você?
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Sentou-se aí e votou culpado
como toda a gente,