:49:01
- Dê-me a muleta.
- Por que bebes?
:49:04
Tropecei e estou com dores.
:49:06
Óptimo!
:49:14
Pelo menos, não estás anestesiado
com áIcool ao ponto de não sentires.
:49:20
- Por que bebes?
- Dê-me a muleta.
:49:23
- Primeiro responde.
- Não...
:49:24
Dê-me uma bebida e eu digo.
:49:26
Primeiro, diz.
:49:28
- Primeiro, tens de dizer!
- Está bem... por nojo!
:49:31
Nojo de quê?
:49:33
Assim, vai ser difícil.
:49:34
Queres assim tanto uma bebida?
:49:36
Quero, desesperadamente.
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Tens nojo de quê?
:49:45
Da falsidade. Sabe o que é?
Mentiras e mentirosos.
:49:49
Quem te mentiu? A tua mulher?
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Não é uma mentira,
nem uma pessoa, é tudo.
:49:54
- Dói-te a cabeça?
- Estou a tentar...
:49:56
Concentrar-te, mas não consegues,
:49:58
porque tens o cérebro afogado em áIcool.
:50:00
Estás embrutecido!
:50:03
Falsidade... O que sabes tu disso?
:50:05
Eu é que podia escrever
um livro sobre isso!
:50:08
- É a tua irmã de Memphis.
- O raio que a parta!
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Gooper, pira-te.
:50:13
Fecha a porta.
:50:15
Falsidade...
:50:16
Vê bem as mentiras que tive de aturar.
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Fingimento. Hipocrisia.
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Fingi que gostava da Big Mama,
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sem a suportar durante 40 anos.
:50:26
Vou à igreja. Chateia-me, mas vou.
:50:29
São só interesseiros, falsos beatos,
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angariadores de fundos
para clubes e tretas afins,
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que me chupam dinheiro
sem contemplações!
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Eu vivi com a falsidade.
Por que não hás-de viver também?
:50:41
Tens de viver com ela.
Não há nada, senão isso!
:50:45
Pois não?
:50:47
Há, isto!
:50:52
Isso não é viver.
:50:54
- Isso é fugir da vida.
- Eu quero fugir dela.
:50:58
- Então por que não te matas?
- Porque gosto de beber.