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Para toda a vida.
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Tem três filhos.
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Não sei porque lhe conto isto, como
se fosse uma conselheira sentimental.
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- É aquele o sacana do Julian?
- Ele não é um sacana.
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É dentista. Um óptimo dentista,
na Quinta Avenida.
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Com mulher e três filhos.
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Foi uma das coisas que me atraiu nele.
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- Gosta de homens casados?
- Gosto de honestidade.
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Toda a vida as pessoas me mentiram
e não o suporto.
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O Julian teve a decência
de avisar-me que tinha mulher e família.
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Estava apaixonada por ele,
por isso aceitei-o.
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No início, julguei que seria
um caso alegre e despreocupado.
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Depois vieram todas as noites
em que ele não podia vir.
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E esta noite ligou a cancelar.
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- Era o nosso aniversário.
- Aniversário? De quê?
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Conhecemo-nos na Stereo Heaven,
há um ano. A loja de discos onde trabalho.
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Já lá estive. Nunca reparei em si.
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O Julian reparou. E eu reparei nele.
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Era encantador, bonito, sofisticado.
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Não usava sweatshirts.
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Desculpe, não sabia que este suicídio
exigia roupa formal.
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Sentada aqui sozinha esta noite,
apercebi-me de repente.
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Desperdicei toda a minha vida.
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- Sabe que tenho 21 anos?
- Ainda bem que fumo demais.
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La ali á esquina comprar cigarros.
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- A esquina. Meu Deus!
- Que foi?
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Escrevi ao Julian a dizer-lhe o que ia fazer.
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Qual seria o sentido de matar-me,
se ele não soubesse disso?
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- Onde vai?
- Tenho de recuperar aquela carta.
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Espere!
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- Como pensa fazer isso?
- Com um cordel e pastilha elástica.
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Já violou a lei ao tentar suicidar-se.
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Não se ponha a brincar
com o governo federal.
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Acho que tem razão.
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- Que horas são?
- São quase 3:00.
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Tenho de acordar de manhã e ir trabalhar.