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Primo: é um actor deplorável
que berra.
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E que expele com uns ahn!
de aguadeiro
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os versos que é necessário
deixar voar!
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Secundo: é segredo meu...
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Mas vós privais-nos sem escrúpulos
de assistir à Clorise!
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- E usando a força!
- Sua velha mula!
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Os versos do velho Baro
valem menos que nada.
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Interrompo sem remorsos.
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Meu Deus! O nosso Baro!
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E o dinheiro que vai ter
de nos ser devolvido!
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Bellerose, acabou de dizer
a única coisa inteligente.
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No manto de Tespis
não abro buracos.
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Agarrai esta bolsa no ar,
e calai-vos!
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Atacar Montfleury! Mas é louco!
Que escândalo!
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Ele, que é protegido
pelo Duque de Candale!
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- Tendes um patrão? Um protector?
- Não. Não.
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Nem um grande senhor que
vos defenda com o seu nome?
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Não, já o disse duas vezes!
Será necessário repetir a terceira?
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Não, não tenho um protector...
mas uma protectora!
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Bom. Agora, toca a andar!
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- Mas...
- Toca a andar!
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Diga-me por que está a olhar
para o meu nariz.
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- Eu? Enganai-vos...
- Que tem de extraordinário?
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Achais vós que ele é mole
e pendente, como uma tromba...
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Mas eu nem tinha ousado
pôr os olhos nele!
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- E porquê, dizei-me, não o olhar?
- Eu tinha...
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- Ele repugna-vos, então?
- Senhor...
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- Parece-vos doentia, a sua cor?
- Senhor!
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- Obscena, a sua forma?
- Mas de nenhum modo!
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Porquê, então, pôr esse ar
de desprezo?
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Será que o senhor
o acha demasiado grande?
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Acho-o pequeno, muito pequeno,
minúsculo!
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Como? Ousa acusar-me
de uma coisa tão ridícula?
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Pequeno, o meu nariz?
Ora essa!
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- Deus do Céu!
- Enorme, o meu nariz!
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Vil idiota, estúpido,
cabeça chata!
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Sabei que me orgulho
de semelhante apêndice,
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visto que um grande nariz
é o sinal de um homem afável,
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bom, cortês, espiritual, liberal,
corajoso, tal como eu sou,
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e tal como jamais chegareis a ser,
deplorável patife!