Cyrano de Bergerac
anterior.
apresentar.
marcadores.
seguinte.

1:12:00
“O espírito”!
Odeio-o no amor!

1:12:03
É um crime, quando se ama,
prolongar muito essa esgrima!

1:12:08
Chegará fatalmente
o momento,

1:12:11
e lamento os que a ele
não acedem,

1:12:14
em que sentimos que
um amor nobre em nós existe,

1:12:17
que todas as belas palavras ditas
tornam tristes!

1:12:21
Pois bem! Se chegou
esse momento para nós,

1:12:23
que palavras me direis?
1:12:26
Todas que me ocorrerem,
vou lançá-las, aos molhos,

1:12:30
sem as juntar em ramalhetes.
Amo-vos, asfixio.

1:12:33
Amo-te, sou louco,
não posso mais, é excessivo!

1:12:35
E o teu nome no meu coração
ecoa como um soluço.

1:12:38
De ti, lembro-me de tudo,
e tudo amei:

1:12:40
sei que no ano passado,
um dia, a 12 de Maio,

1:12:43
para saíres de manhã
mudaste de penteado!

1:12:46
Um sol me ofuscou,
era a tua cabeleira!

1:12:49
Compreendes agora?
Enfim, dás-te conta?

1:12:52
Sentes um pouco a minha alma
que sobe no escuro?

1:12:56
De facto, esta noite,
é muito bela, muito suave!

1:13:00
Tudo isto que vos digo,
estais a ouvir? É excessivo!

1:13:04
Mesmo na minha esperança menos
modesta, nunca esperei tanto!

1:13:09
Só me resta agora morrer!
1:13:15
É por causa das palavras
que digo

1:13:17
que ela treme
entre os ramos azuis!

1:13:19
Sinto o adorável tremor
da tua mão

1:13:21
descer ao longo dos ramos
do jasmim.

1:13:24
Sim, tremo e choro,
1:13:26
e amo-te, e sou tua.
1:13:31
- E tu embriagaste-me.
- Então, que a morte venha!

1:13:34
Essa embriaguez, sou eu,
que a soube provocar!

1:13:39
Não peço senão uma coisa...
1:13:42
- Um beijo!
- O quê? Vós pedis?

1:13:46
Sim... eu...
Vais muito depressa.

1:13:48
Já que ela está tão perturbada,
tenho de aproveitar.

1:13:50
Sim, eu... eu pedi,
é verdade...

1:13:53
Os deuses me ajudem!
1:13:54
Compreendo que fui demasiado
audacioso.

1:13:58
Esse beijo...
não mo concedas!


anterior.
seguinte.