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Tudo isto que vos digo,
estais a ouvir? É excessivo!
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Mesmo na minha esperança menos
modesta, nunca esperei tanto!
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Só me resta agora morrer!
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É por causa das palavras
que digo
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que ela treme
entre os ramos azuis!
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Sinto o adorável tremor
da tua mão
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descer ao longo dos ramos
do jasmim.
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Sim, tremo e choro,
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e amo-te, e sou tua.
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- E tu embriagaste-me.
- Então, que a morte venha!
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Essa embriaguez, sou eu,
que a soube provocar!
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Não peço senão uma coisa...
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- Um beijo!
- O quê? Vós pedis?
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Sim... eu...
Vais muito depressa.
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Já que ela está tão perturbada,
tenho de aproveitar.
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Sim, eu... eu pedi,
é verdade...
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Os deuses me ajudem!
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Compreendo que fui demasiado
audacioso.
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Esse beijo...
não mo concedas!
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- Porquê?
- Cala-te, Christian!
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Que dizeis em voz baixa?
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Por ter ousado ir tão longe,
a mim próprio me repreendo!
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Dizia para mim:
Cala-te, Christian...
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- Um segundo!
- Consegue-me esse beijo!
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Espera!
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Onde estais?
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Falávamos de um beijo...
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- Não.
- Sim. A palavra é suave.
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Calai-vos!
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Um beijo, afinal de contas,
o que é?
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Um juramento feito um pouco
mais de perto,
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uma promessa mais precisa,
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uma confissão que quer
confirmar-se,
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uma letra cor-de-rosa
que se põe no verbo amar.
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É um segredo que substitui
a boca pelo ouvido,
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um momento de infinito que
faz um zumbido de abelha,
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uma comunhão
com gosto de flor,
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uma maneira de se respirar
um pouco o coração,
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e de se saborear,
na ponta dos lábios, a alma!
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Calai-vos, por favor!
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Sim, calo-me, senhora...