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Mas se daqui avinte anos
tu aindaviveres cá,
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ainda fores a minha casaver
desafios e trabalhares nas obras,
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juro que te mato.
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Não é uma ameaça,
mas palavra que te mato.
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Que ideia é essa agora?
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Tens uma coisa
que nenhum de nós tem.
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Não me venhas com o "dever a mim
próprio tentar"! E se não quiser?
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Foda-se, não deves
coisa nenhuma a ti próprio.
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Deves é a mim.
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Porque amanhã acordo com 50 anos
e ainda nesta merda.
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Tudo bem, não me importo.
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Mas tu tens o bilhete premiado
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e és cobarde de mais
para o ir receber?
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Eu dava tudo para ser como tu,
e os outros também davam.
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E insultavas-nos se daqui
a20 anos ainda cá estivesses.
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Era perderes o teu tempo.
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Não podes saber isso.
Não podes, mesmo.
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Deixa que te diga o que sei.
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Todos os dias vou buscar-te
a tua casa,
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nós saímos juntos, tomamos
uns copos, e acho porreiro.
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Mas sabes qual é
a melhor parte do meu dia?
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São os 10 segundos entre parar
o carro e bater ã tua porta.
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Porque penso sempre que vou bater
e tu não estás para abrir.
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Não te despediste nem deixaste
recado, foste-te só embora.
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Não sei muitas coisas,
mas isso, sei.
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lsto é desastroso...
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Trouxe-to cá para me ajudares,
não para o mandares embora.
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Eu sei o que faço.
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Não quero saber se vocês
até se riem ã minha custa;
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não ouses é destruir
o que tento fazer.
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"Destruir"?
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Ele está emocionalmente
vulnerável e...
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Bem sei que está,
ele tem problemas.
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Que problemas? Estar melhor
a fazer limpezas ou na cadeia?