:25:01
Parece que um vosso doente...
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...lhe chamou a atencão.
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Dizem que pratica os crimes
que prega na ficção dele.
:25:14
Mas não aqui. Houve algumas
indiscrições na juventude dele.
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Indiscrições? Abade, por favor.
Li o processo dele.
:25:23
Aos 16 anos, violou uma criada
com um crucifixo.
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Seis meses depois, na masmorra
de Vincennes, mutilou uma prostituta.
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Cortou-lhe a carne com uma lâmina, e
cauterizou as feridas com cera quente.
:25:35
Espero que o julgueis pelos progressos
e não pela sua anterior reputação.
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Não posso continuar assim!
Por que havia isto de me acontecer?
:25:43
Mais uma vez, Senhores.
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Sou um pobre remendão
Toda a vida o fui
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E com este sapato
Vos peço
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Para serdes esposa de remendão
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É uma peça medonha, é verdade!
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Uma pústula inflamada
aos olhos da literatura.
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O pergaminho em que foi escrita
nem para limpar o meu rabo serve.
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Mas não precisais de a piorar!
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Dizei as vossas linhas com convicção,
meu sapateirinho feliz.
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Como um verdadeiro actor!
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Mas não sou actor.
Sou um dispéptico.
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Seduzi-a, tolo!
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Trouxe o êxito ao nosso teatro.
Raramente há um lugar vazio.
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Já para não falar
do valor terapêutico.
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Mascarar-se com cretinos parece
um sintoma de loucura, não uma cura.
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Homo perversio.
Uma espécie que medra no cativeiro.
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Este é o Dr. Royer-Collard.
Vem trabalhar connosco como...
:26:36
Consultor.
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Bem-vindo ao nosso humilde
asilo de loucos.
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Espero que vos sintais em casa.
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Dizei-me, abade, por que está ele
à vossa guarda e não numa prisão?
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- Por influência da esposa dele.
- Da esposa dele?
:26:53
Sempre é melhor ter um esposo louco
do que criminoso.
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E ele nunca tentou fugir?