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O pergaminho em que foi escrita
nem para limpar o meu rabo serve.
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Mas não precisais de a piorar!
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Dizei as vossas linhas com convicção,
meu sapateirinho feliz.
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Como um verdadeiro actor!
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Mas não sou actor.
Sou um dispéptico.
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Seduzi-a, tolo!
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Trouxe o êxito ao nosso teatro.
Raramente há um lugar vazio.
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Já para não falar
do valor terapêutico.
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Mascarar-se com cretinos parece
um sintoma de loucura, não uma cura.
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Homo perversio.
Uma espécie que medra no cativeiro.
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Este é o Dr. Royer-Collard.
Vem trabalhar connosco como...
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Consultor.
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Bem-vindo ao nosso humilde
asilo de loucos.
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Espero que vos sintais em casa.
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Dizei-me, abade, por que está ele
à vossa guarda e não numa prisão?
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- Por influência da esposa dele.
- Da esposa dele?
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Sempre é melhor ter um esposo louco
do que criminoso.
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E ele nunca tentou fugir?
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Um homem com a reputação dele?
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Não demoraria um dia
a ser capturado.
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Além disso, encontra em Charenton
todo o bem-estar que possa desejar.
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Uma biblioteca
com os maiores livros do mundo...
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...aulas de música,
exercícios com aguarelas.
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Que efeito surtiram
essas comodidades na psique dele?
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Já não vocifera nem cospe.
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Já não insulta os guardas,
nem molesta os companheiros.
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E a escrita dele?
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Pois, isso.
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Então?
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É essencial para a recuperação, um
purgativo para as toxinas da mente.
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Aprovais a sua publicação?
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- Para venda?
- Sim.
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Para o público em geral?
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Não, claro que não.
Não pode ser publicado.
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Quieto.
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Oh.
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França está pasmada com este livro,
e vós nunca ouvistes falar dele?