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O Sr. Lisbon pôs a casa à venda
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e esta foi adquirida
por um jovem casal de Boston.
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Nós ficámos com as fotos de
família que foram postas no lixo.
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No fim, tínhamos peças do puzzle,
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mas independentemente de como
as encaixássemos, havia falhas,
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vazios de formas estranhas,
como aquilo que as rodeava,
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como países
de que não sabíamos o nome.
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O que restou
depois delas não foi vida,
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mas apenas o mais trivial
dos factos mundanos...
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...um relógio a trabalhar
numa parede...
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...a luz da sala ao meio-dia...
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...a indecência de um ser humano
que apenas pensa nele próprio.
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Iniciámos o processo impossível
de tentar esquecê-las.
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Os nossos pais
pareceram conseguir fazê-lo,
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voltando aos seus jogos
de ténis a quatro e aos cruzeiros,
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como se já tivessem
visto tudo isto antes.
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Era pleno Verão outra vez,
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mais de um ano após
o corte dos pulsos de Cecilia,
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que espalhou o veneno no ar...
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Uma fuga na fábrica
aumentou os fosfatos no lago,
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e originou uma camada de algas
tão grossa
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que o cheiro do pântano
inundou o ar,
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infiltrando as elegantes mansões.
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As debutantes choraram a desgraça
de fazerem a sua apresentação
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numa estação todos lembrarão
pelo seu mau cheiro.
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Os O'Connors, no entanto,
tiveram a engenhosa ideia
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de dar à festa de apresentação
da sua filha o nome de "Asfixia"...
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Como todos os outros,
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também nós queríamos
esquecer as miúdas Lisbon.