:52:02
Telefona-me. Sabes onde estou,
se precisares de mim. OK?
:52:05
Mas não entres em pânico.
O teu grito assustou-me.
:52:09
E tu ficarias calmo se tivesses um insecto
vivo a trepar-te o corpo por debaixo da pele?
:52:14
Não, mas não entraria em pânico.
:52:16
Ainda bem,
porque tens uma no pescoço.
:52:20
- No meu pescoço?
- No teu pescoço. Sim. Aqui mesmo.
:52:24
- Arranca-ma.
- Calma. OK.
:52:31
lsto é excitante.
É a primeira vez que venho às corridas.
:52:34
Há aqui um cavalo chamado Broadway
Melody. Acho que é um nome que dá sorte.
:52:38
Não me parece sensato escolher um
cavalo pelo seu nome, mas é romântico.
:52:57
Foi maravilhoso.
:52:59
Não há música mais sublime do que
aquele segundo andamento.
:53:02
A Laurel ouve a música e desata a chorar.
Tem os olhos vermelhos.
:53:06
E eu também. Quando o Raphael viu pela
primeira vez a Capela Sistina desmaiou.
:53:10
- Porque é que não chamas um táxi?
- Está bem. Vamos.
:53:13
Ela está apaixonada por ele.
:53:16
Ele é talentoso e está-se nas tintas
para o passado dela.
:53:19
Aliás, está comovido
pelo seu sofrimento.
:53:22
Até a história que ela tem recusado contar
acaba por contá-la.
:53:28
Eu matei-o.
:53:31
Mas foi um acidente.
:53:38
Em minha defesa, diria que estava
fora de mim, sob o efeito de drogas.
:53:42
Eu não deveria dizer drogas.
Comprimidos.
:53:45
Comprimidos para dormir,
ou para me manter acordada,
:53:49
fosse o que fosse que me ajudasse a
esconder as minhas dores dentro do armário.
:53:57
Mas para ser franca,
eu não tinha a intenção de o fazer.