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A Laurel ouve a música e desata a chorar.
Tem os olhos vermelhos.
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E eu também. Quando o Raphael viu pela
primeira vez a Capela Sistina desmaiou.
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- Porque é que não chamas um táxi?
- Está bem. Vamos.
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Ela está apaixonada por ele.
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Ele é talentoso e está-se nas tintas
para o passado dela.
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Aliás, está comovido
pelo seu sofrimento.
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Até a história que ela tem recusado contar
acaba por contá-la.
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Eu matei-o.
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Mas foi um acidente.
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Em minha defesa, diria que estava
fora de mim, sob o efeito de drogas.
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Eu não deveria dizer drogas.
Comprimidos.
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Comprimidos para dormir,
ou para me manter acordada,
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fosse o que fosse que me ajudasse a
esconder as minhas dores dentro do armário.
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Mas para ser franca,
eu não tinha a intenção de o fazer.
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Claro que o neguei em tribunal.
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Mas o facto é que eu...
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Não tinha outra solução.
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Pensei em suicidar-me.
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Porque é que não o fiz? Não sei.
Teria sido mais racional.
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Ainda pensei matar a namorada do tipo.
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Ela chamava-se Maryanne.
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Maryanne Lane.
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E foi...
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Foi tão fácil comprar uma arma.
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Saí do estado,
entrei numa loja e comprei uma.
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Não me perguntaram nada.
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Comprei uma caixa de balas e carreguei
a arma como se sempre o tivesse feito.
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Foi tudo premeditado,