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Estava a sonhar contigo, aliás.
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- Comigo? Porquê?
- Sonhei que estava a fazer amor contigo.
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A sério?
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Melinda, estou apaixonado por ti.
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Por mim? Mas nunca disseste nada.
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Estava casado, e quando me separei
conheceste o Bill.
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Não percebeste que tenho estado
apaixonado por ti todo este tempo?
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Eu nem sequer percebi
que estava apaixonada por ti.
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E agora andas a espiar-me.
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Que parvoíce -
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uma mulher crescida, madura e sofisticada
a espiar por detrás da porta.
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A propósito, encontrei um bocado de tecido
do teu roupão preso na minha porta.
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- Que estranho. Vou falar com a empregada.
- Tu não tens empregada.
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Bem, casa comigo e arranjamos uma.
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Quem conta um conto acrescenta um pouco.
Ouvimos uma história, sabemos pormenores.
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Moldamos a história e tornamo-la uma
tragédia - a queda de uma mulher apaixonada.
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E é assim que tu vês a vida.
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Enquanto tu pegas nos pormenores
e mete-los numa história romântica cómica.
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Óptimo. É a tua visão da vida.
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Mas é óbvio que não há uma essência
definitiva que se possa eleger.
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Bem, existem momentos de humor.
Eu gosto de explorá-los.
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Mas eles existem
dentro de um contexto de tragédia.
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Vocês vão todos ao funeral do Phil Dorfman
na semana que vem?
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Ele teve um ataque cardíaco. Acabara de
receber o seu cardiograma, que estava bem.
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- Detesto funerais.
- Eu também. Riu-me nos momentos errados.
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Aí está. Rimo-nos porque disfarça
o nosso verdadeiro terror à mortalidade.
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Eu não quis que começássemos
a falar de funerais.
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Como é que o mundo pode ter alguma piada
se nem podemos confiar num cardiograma?