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Quem conta um conto acrescenta um pouco.
Ouvimos uma história, sabemos pormenores.
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Moldamos a história e tornamo-la uma
tragédia - a queda de uma mulher apaixonada.
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E é assim que tu vês a vida.
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Enquanto tu pegas nos pormenores
e mete-los numa história romântica cómica.
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Óptimo. É a tua visão da vida.
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Mas é óbvio que não há uma essência
definitiva que se possa eleger.
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Bem, existem momentos de humor.
Eu gosto de explorá-los.
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Mas eles existem
dentro de um contexto de tragédia.
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Vocês vão todos ao funeral do Phil Dorfman
na semana que vem?
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Ele teve um ataque cardíaco. Acabara de
receber o seu cardiograma, que estava bem.
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- Detesto funerais.
- Eu também. Riu-me nos momentos errados.
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Aí está. Rimo-nos porque disfarça
o nosso verdadeiro terror à mortalidade.
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Eu não quis que começássemos
a falar de funerais.
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Como é que o mundo pode ter alguma piada
se nem podemos confiar num cardiograma?
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- Eu quero ser cremado.
- Agora? Ou depois de morreres?
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Vamos mudar de assunto.
Viemos até aqui para nos divertirmos.
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Vamos brindar aos bons momentos.
Trágicos ou cómicos,
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a coisa mais importante a fazer
é gozarmos a vida enquanto podemos
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porque só passamos por cá uma vez,
e quando acabar, acabou.
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E, com um cardiograma ou não, quando
menos esperamos, pode acabar assim.