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- Que se passa?
- Preto?
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- Dormiste com um preto?
- Sim.
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Se o teu pai descobre...
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- Não vai descobrir.
- Claro que não!
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- De nós não.
- Estou só a dizer, bico calado.
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Vejam a Gina.
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A que trouxe um preto para o bairro.
Olha o que lhe fizeram.
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Porque falas
desse agarrado porto-riquenho?
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Trouxe-o para o bairro,
e mataram-no.
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É melhor teres cuidado.
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Não é estúpida
a ponto de trazê-lo para cá.
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Seja como for.
Não dizemos nem uma palavra.
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Pessoalmente,
acho bastante nojento.
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- A sério?
- Sim, acho asqueroso.
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Como é que se pode...?
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Eu, pessoalmente, nunca poderia...
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Não és tu quem dorme com ele.
Que te importa?
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É bonita, pode ter qualquer gajo,
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Porquê escolher um preto?
Minha nossa. Quero dizer...
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Estamos nos anos 90.
Não há nada de mal nisso.
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Estás a gostar?
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Admito que tive sempre curiosidade
por mulheres caucasóides.
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Não é que as brancas sejam boas
e que as pretas não sejam bonitas.
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As pretas também são bonitas.
Mas tive curiosidade.
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E agarrei a oportunidade.
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- Literalmente.
- Pois.
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Por um preto estar com uma branca,
não significa que
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seja mais atrasado,
menos progressista.
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- Ainda sou muito pró-preto.
- És preto, lá isso és.
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Penso de modo correcto.
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Têm um grande problema. Tu e ela.
Ambos têm a febre.
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- A quê?
- A febre.
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Ambos têm a febre da selva.
Ambos.
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Arranjamos dinheiro,
voltamos à...
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Mano! Tudo fixe!
Anda, querida.
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- Não me empurres, preto.
- Não comeces.
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Preto, não me empurres.